quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

2012...


              E mais uma vez o fim do ano chega.. com ele as luzes de natal, os amigos- 
                       secretos, as provas finais, mas o vai e vem permanece...
Como eu já disse outras vezes, acho fantástica a ideia de ter a vida organizada por dias, meses e anos... isso permite que a gente reserve um tempo pra organizar as coisas, arrumar a bagunça da casa e do coração, avaliar o que fizemos até aqui, pensar no que faremos de agora em diante. 
Porém, tirando essa possibilidade ímpar de parar pra refletir, preciso ser sincera... não gosto muito de finais de ano, não suporto essa obrigatoriedade imposta pelo sistema de que todo mundo precisa ser feliz nessa época, todos precisam sorrir, e desejar feliz natal, e comprar presentes e roupas novas, e pular sete ondas, e comer lentilha, e assistir o Especial Roberto Carlos na Globo e, e, e, e... acho definitivamente um saco. Principalmente porque não gosto de Roberto Carlos. E também não gosto de obrigações. Quero ser feliz se eu o estiver verdadeiramente, quero sorrir se tiver motivos pra isso, quero gastar meu dinheiro com qualquer coisa mais interessante do que a ânsia insaciável do consumismo. E não quero ouvir Roberto Carlos. E ponto.
Mas... me detendo a parte que me interessa nessa época do ano, acho válido analisar 2012. Foi um ano atípico, pelo menos pra mim.
2012 acaba e com ele terminam os diversos momentos de angustia que nele passei... que fiquem bem enterrados. Foi um ano difícil, um ano de perdas emocionais, afetivas, de rompimentos de laços, de despedidas... Um ano em que me vi obrigada a viver sem pessoas que eram até então indispensáveis e fundamentais em meus dias. 
Um ano de lindos encontros, doces reencontros e amargos desencontros. 
Um ano que teve muito mais dúvidas que certezas, muitas quedas, muitos erros... Um ano de muitas lágrimas e muitas dores.
Um ano de fases... algumas de interiorização, outras de libertação.
Um ano frio, e não me refiro ao clima la fora. E sim, dentro de mim. Um ano que me deixou mais dura, mas que me mostrou muitas verdades que minha eterna teimosia jamais aceitaria em outras circunstâncias.
Mas também um ano de decisões, um ano de mudanças, de abandonar velhos hábitos, deixar de lado os costumes antigos e já amarelados, de renunciar a mania orgânica e quase hereditária de querer cuidar de todas as pessoas, de aceitar que cada um tem sua vida, suas escolhas, seus desejos e que por mais que eu queira muito ajudar, cada um sempre sabe o que é melhor pra si.
2012 foi também um ano de oportunidades.. algumas eu deixei escapar, e talvez nunca me perdoe por isso. Outras que eu agarrei com todas as forças.
Acho que uma palavra resume esses 365 dias: amadurecimento. 
Amadureci... e somando os prós e os contras... defino 2012 como o ano em que meus avessos foram protagonistas...
Geralmente nessa época, todo mundo deseja um novo ano repleto de coisas positivas e promete que tudo será diferente... porém as tantas promessas de mudança, de novas posturas costumam perder-se ainda nos primeiros dias do ano que se inicia.
Prefiro não prometer nada, apenas agradecer por tudo de maravilhoso que tive nesse ano e esperar que 2013 chegue leve, sorrateiro e surpreendente ...Que traga em seus dias a beleza de tudo aquilo que é do bem, que nos encante, nos emocione, nos alegre, nos faça gritar de euforia... mas que também possamos errar novamente... porque são esses erros que nos darão motivos para no fim das contas percebermos tudo que evoluímos e tudo que ainda temos a aprender.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O ontem, o hoje, o sempre.



Quando adolescente lembro-me que de tão sapeca vivia subindo no telhado de casa, um lugar escorregadio cheio de armadilhas. Minha mãe enlouquecia e alertava diariamente que era perigoso, que eu cairia e me machucaria. Mas aquilo era tão bom, me dava uma sensação tão plena de liberdade. Eu subia e ficava lá, parada, olhando o horizonte, de dia encontrava formas e desenhos nas nuvens... de noite escrevia poemas, contava as estrelas e conversava com a lua. Era meu universo, meu infinito particular. Eu ignorava os avisos de perigo, porque aquilo me fazia bem, me completava. E eis que numa bela tarde, os alertas se concretizaram, e eu escorreguei, cai, me espatifei no chão, o que rendeu uma fratura no braço esquerdo, agravamento no meu eterno problema do pulso direito, várias marcas roxas e um pé torcido. Minha mãe me encontrou aos prantos, e eu já esperava o "EU AVISEI". Ela não o disse, apenas me ajudou a levantar e me levou praticamente no colo para casa.
Diferente do que se pode imaginar, eu não deixei de subir no telhado, esperei que as dores amenizassem e voltei, mas passei a tomar muito mais cuidado, e a desconfiar de cada imperfeição da construção. O que não significa que eu nunca mais caí, apenas que os tombos não machucaram mais como o primeiro. 
As vezes lembro dessa historia quando me deparo com os avisos do mundo adulto que cotidianamente me dizem o que devo ou não fazer. E lembro de minhas amigas me alertando sobre os amores errados que tive na vida. É engraçado, porque quanto mais me diziam não, não se deixa envolver, não se deixa levar, não se deixa apaixonar, nãos e nãos e nãos... mais eu insistia, e tentava, e queria. Nenhum dos avisos foi por maldade, é claro, elas só queriam o meu bem. Mas ainda assim são exemplos, assim como o tombo da minha adolescência, assim como as quedas e dores diárias que sofremos por insistir. E o ponto principal aqui, é que a a gente só insiste quando nos faz bem, quando acreditamos que aquilo é importante, mais que isso, é fundamental. A gente permanece, tenta, volta quantas vezes for preciso, pelo simples e complexo motivo: amamos aquilo. E o amor é um sentimento que realmente dispensa qualquer explicação. Primeiro porque se você já amou entende do que estou falando, e segundo porque se você nunca amou, de nada adiantará que eu tente explicar, você não entenderá. Só entende quem vive na pele, quem sente. Acontece que as vezes os avisos se concretizam, e a gente cai. E se machuca. E chora. E espera o "eu te avisei". Que vem da boca de alguns. Mas que de outros não chega, nem nunca chegará. Eles apenas nos ajudam a levantar e nos levam pra casa (ou, na maioria das vezes, pro boteco mais próximo). Aí a gente pára, faz um esforço desgraçado pra esquecer, passa dias, meses, anos esperando a dor passar... mas chega uma hora que a gente não resiste, e volta. Só que agora com mais cuidado... E a gente cai de novo, chora de novo. Mas não dói mais tanto. Os calos são profundos, impedem o corte.
Comparações, semelhanças.
Me fazem perceber que primeiro: tombos são naturais, e necessários, mas a gente nunca aprende o suficiente, porque está sempre caindo de novo. E segundo: ou tenho tamanha resiliência que devo inspirar estudos psiquiátricos, ou minha teimosia ultrapassa os limites imagináveis da estupidez humana.


P.S: calma, chega uma hora que a gente cresce, e não sente mais vontade de subir no telhado, cair, amar errado, e doer.


É.. até quando vai ser assim?



O que fizeram com você?






Acordei com Sartre na cabeça. Ele e a frase que parece resumir meus dias, traduzir minha vida:
"Não importa o que fizeram com você, e sim o que você fez daquilo fizeram com você". Faz todo sentido. Afinal de contas a gente nasceu pra ser responsável unicamente por nós mesmos, por nossas escolhas diante das encruzilhadas da vida. Ao longo de nossa história encontramos muitas pessoas que se tornam companheiros de caminhada, que andam ao nosso lado, respeitam nossas paradas, os momentos em que precisamos acelerar o passo, ou diminuir o ritmo. Companheiros. Mas quem dá o passo é você. Quem decide a velocidade? Você. Sozinho. Ninguém pode fazer isso pela gente. E é claro que ninguém pode curar nossas feridas, nem mesmo, ou melhor, muito menos aquele que as abriu. As pessoas machucam as outras... muitas vezes sem mesmo perceber. Abrem feridas, maltratam, fazem sofrer. É humano, natural. Isso não é o mais importante. Importa que a gente pare e reflita: o que vou fazer com essa ferida que deixaram em meu peito? Deixar infeccionar, sangrar, arder em carne viva? Ou cuidar, zelar para que se torne apenas uma cicatriz, uma marca, um ponto quase imperceptível em meu passado? O que importa é o que a gente faz daquilo que fizeram com a gente. Importa que a gente aprenda com os erros, com os machucados.
Se nos fizeram mal, aprendamos a antes de tudo perdoar, mas um perdão que vai além do sentido caridoso e de compaixão. Um perdão real, que vem do coração, que alivia muito mais a nós, porque o rancor é um fardo pesado, difícil de carregar. E depois, que consigamos olhar pra trás e sorrir, sabendo que usamos as pedras do caminho para construir uma linda estrada, decorada com aprendizados e sabedoria. O importante não é saber pra onde ir, e sim pra onde não se deve voltar. Isso se chama maturidade, e ela só é alcançada através de muitos tombos, erros e dores... caminhos, escolhas. Se nos fizeram bem, importa que saibamos ser verdadeiramente gratos, e que usemos esse bem para enfeitar nosso coração e alargar nosso sorriso. Se te fizeram bem ou mal, não importa. Tudo é válido, tudo é aprendizado. E você ainda vai agradecer por isso. Aprenda a confiar no tempo. 

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Ainda sobre o tempo...


Sim, é verdade quando dizem que o tempo, só ele, é capaz de curar qualquer ferida. Parece clichê eu sei... e detesto clichês, detesto tudo que vem pronto, pré-editado, pré-entendido... é como se isso subestimasse minha capacidade crítica de ver e compreender os fatos...Mas sim, admito! esse clichê é uma verdade absolutamente inquestionável: o tempo cura mesmo. 
Tudo bem que essa cura pode ser relativa, pode ser apenas a minimização da dor, o controle da infecção, o curativo que esconde o ferimento. Mas ainda assim é cura, é alívio, é estado de não-dor.
É verdade, você pode acreditar. Sou prova viva, em carne, osso e cicatrizes. 
No começo arde muito.... nossa, a gente tem a impressão que o coração vai ser arrancado do peito, sem anestesias, sem analgésicos... nem morfina parece ser capaz de aliviar a dor. São pontadas agudas no peito, é parada respiratória, é paranoia  crise de todo tipo. A gente chora, se desespera, se embriaga... toma mil remédios... anti-depressivos, e gotinhas milagrosas. A gente sucumbe à dor, enfraquece, cai de cama, paralisa, esquece do mundo...
Mas aí ele vem... manso, fugaz... o tempo, sorrateiro, tão discreto que nem percebemos... e começa a organizar a bagunça. Aos poucos, e digo, BEM aos poucos, ele vai colocando as coisas em seu devido lugar, restabelece a ordem.... no meu caso: a ordem era o caos, mas era nesse caos que eu me entendia, era nesse agito que eu me reconhecia, e era dele que eu jamais devia ter saído. A gente vai vivendo e percebe que o mundo continua aí... a terra continua girando, a lua permanece com suas fases, o sol ainda brilha, chove de vez em quando, as pessoas mantém-se em suas vidas, seguem seus caminhos... crianças nascem, outros morrem.... e tudo segue, tudo sempre segue. 
E a gente encontra outros motivos pra sorrir. Os amigos tornam-se nossa morfina, nos oferecem colo, cervejas abraços e longas conversas. 
A dor latente cessa... ou fica amortecida, anestesiada em algum canto profundo de nossa alma. O passado como diz em sua etimologia, pertence ao ontem... e a gente passa a construir no hoje a esperança de que o sol de amanhã seja claro e radiante.... que seus raios produzam muita mas muita da tal serotonina e levem pra longe o que afinal não passou de uma depressão sazonal, fruto da palidez mórbida do inverno, e que vai embora com os ventos de quase novembro. 



segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Certezas...


Entre promessas e despesas, apostas e certezas ... 
Dia perfeito pra acordar com essa música permeando minha mente...
As vezes a gente precisa só de uma certeza pra conseguir finalmente virar a página, finalizar um capítulo, e iniciar outro, cheiinho de páginas em branco prontas pra serem preenchidas com o melhor de nós, com outras palavras repletas de significados novos, aprendidos pelos dicionários da vida, nos tombos que a gente levou, nos sonhos agora despedaçados e que precisam ser reconstruídos.
O que era dúvida transformada numa aposta de que poderia sim dar certo, quem sabe um dia... vira certeza que não, não poderia, não pode, não dá... não tem jeito.
Mas entenda que isso também passa...
Importa que a gente recupere nossa essência, aquela que ficou guardada em algum cantinho da nossa alma, escondida, soterrada pelas escolhas erradas que foram se acumulando, silenciada pelo grito que nos esforçávamos em manter... de que era preciso tentar, só mais uma vez... Mas tentar o que mesmo? Ou melhor.. tentar pelo que?
O capítulo se tornou longo demais, confuso demais, com muitas idas e vindas... muitos silêncios, tudo tão provisório e mutante, momentâneo demais... demais pra mim. 
A gente encerra, coloca um fim simbólico depois do texto... mas as reticências assinalam que resta algo inacabado, mal encerrado, pouco explicado, e que pode merecer um outro capítulo logo ali na frente... la, bem no final do livro, ou quem sabe apenas uma nota de rodapé curta e sem delongas com um ACABOU DE VEZ! em caixa alta, em letras vermelhas negritadas, e que termine enfim com um ponto de exclamação.
Reticências são úteis, mágicos acessórios de redação. Mas na vida real elas perturbam. Mais vale um ponto final. Esse que permite a gente começar nova frase, novo parágrafo... sem esquecer que um livro pra ser bom de verdade precisa que o autor tenha inteligência bastante pra não esquecer dos capítulos já concluídos, porque neles reside a essência da historia a ser continuada, os erros já cometidos e as pistas do que realmente agradará o leitor!

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Vazio...


Lutei muito pra continuar sendo aquele buraco negro, que tudo absorvia.. uma pessoa que se preenchia, se completava, se tornava plena... tudo me encantava, me motivava. Ainda havia algo que me deixava ansiosa.. esperando, querendo, tentando. Mas, nem sempre é como Humberto Gessinger acreditou  "deve haver alguma coisa que ainda te emocione." Nem sempre há. Sei lá... eu tento, olho pra dentro de mim, me reviro do avesso, mas não consigo visualizar nada além de um imenso vazio... é como se eu tivesse me tornado um deserto, tomado de uma areia fina que quando jogada ao vento se torna nada, some, desaparece, desintegra-se no ar... é tudo movediço. Há tempos o encanto está ausente...e há ferrugem no sorriso... Ah Renato, ele entenderia... que as vezes a gente se perde no caminho, se abandona numa das curvas, desiste de ser quem se é... ser completo demais é perigoso, corre-se o risco de transbordar, de deixar nossa essência se espalhar pelo universo todo e nunca mais voltar a ser o que já foi... mas o vazio, ah esse dói mais ainda, porque ele é tão inútil, tão inseguro, tão desnecessário... mas ele também preenche, de um vácuo inóspito e insalubre, cheira a mofo, fruto do abandono, da negligência que fazemos com nossa alma, nosso coração cansado e ferido... É cruel por si só, pois ao desistirmos da gente, desistimos de todo o resto que um dia compôs os sonhos de nossa existência. 

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

deixa ir....


Um dia desses numa das inúmeras reuniões tão frequentes em minha vida nos últimos tempos.. me deparei com uma frase de uma profissional que admiro muito e que tem ideias de mundo extremamente parecidas com as minhas. Ao discutirmos sobre um caso de destituição ou não do poder familiar de uma bebê, ponderamos a possibilidade da mãe abrir mão do filho, quando minha colega de grupo afirmou: "Na maioria das vezes não desistimos porque não queremos mais, e sim porque amamos tanto que admitimos que não somos o suficiente pra fazer alguém feliz". 
Parei pra pensar... e me dei conta de como somos egoístas as vezes. Quando amamos, ou pensamos que amamos, porque na maioria das vezes nossos relacionamentos são tão rasos e passageiros como as tempestades de verão... quando em nome do sentimento que juramos ter ou acreditamos ter, exigimos que o outro permaneça ao nosso lado independente de todo o resto... e o mais importante.. sem nos preocuparmos se isso o faz feliz.
Claro que a luta é digna, a batalha pra manter um sentimento vivo apesar das dificuldades e obstáculos. Porém existem momentos em que a gente precisa admitir que não dá mais, cair na real, aceitar que mesmo que nosso coração transborde sentimento, essa sobra não pode completar aquilo que falta no coração do outro. Não se trata de abandonar, não significa que estamos desistindo... uma hora a gente simplesmente entende que não somos o bastante, não pr'aquela pessoa, não naquele momento... e é exatamente por isso que não vale a pena insistir... não adianta abrirmos mão de nós mesmos para manter inteira aquela mínima linha que ainda segura o relacionamento... porque sabemos, é uma linha frágil, vulnerável, que se sustenta em qualquer sentimento: pena, culpa, carinho... mas não no amor. 
Deixa livre, deixa ir.. alçar novos voos, trilhar novas estradas. Não é fácil, claro que não. Apesar do que todos pensam, desistir exige coragem.. abrir mão demanda força porque vai doer no início, vai fazer falta, vai sufocar, vai quase explodir quando você vê-lo com outra... mas vai passar.. porque quando você puder olhar com os olhos da razão, distante do sentimento que hoje você usa como único sinalizador no meio do mar turbulento que enfrenta.. você perceberá que fez o melhor por ele.. e mais ainda por ti, porque ninguém precisa de restos, nem de metades... Só o inteiro do outro pode se somar ao nosso e compor o todo primordial de nossa existência... 
Fique calma.. ele estará bem, claro que sim... ele encontrará o inteiro que a ele pertence. E você.. ah você poderá sorrir com a certeza de quem um dia tentou mas foi corajosa o suficiente pra abrir mão do que mais queria em nome exatamente do amor que sentia. Já que o amor reside em fazermos o outro feliz.. com ou sem nossa presença em sua vida. 

sexta-feira, 10 de agosto de 2012


A gente se acha meio que dono das coisas né?
Veja que coisa mais patética... nos apropriamos de sentimentos, pessoas, lugares, situações e achamos que tudo é nosso, tudo nos pertence.. agimos como se tivéssemos comprado o direito de uso, reuso, de colocar no armário quando não nos interessa, e buscar quando estamos nos sentindo carentes. Mas não. Ninguém nos deu esse direito. Além de patético chega a ser contraditório. Exigimos prioridade, e por outro lado queremos continuar em nosso emaranhado de sentimentos sem priorizar nem abandonar nada, nadinha. Tudo nos parece fundamental, insubstituível. Mas cá entre nós, isso é quase egoísmo não concorda? A gente pode lembrar de momentos que nos fizeram bem, com aquela nostalgia natural de emoções/sensações que atingiram em cheio nosso coração e nos completaram.. mas isso não nos permite prender o outro em nossa redoma e obrigá-lo a viver eternamente debaixo das nossas asas, sob nosso domínio, aguentando e sendo soterrado por nossas paranoias, nossos desejos surreais e nossos sonhos utópicos e considerados irrealizáveis por aqueles que já não sabem mais sonhar. Chega uma hora em que o outro precisa alforriar-se... precisa se livrar do nosso domínio... ora, qualquer um sabe que a lei áurea foi aprovada há tempo suficiente, e até porque que escravidão não tem nada a ver com o sentimento do amor e da amizade verdadeiros. Pratique o desapego (tá bom, sei que to quase entrando na velha regra: faça o que eu digo mas não faça o que eu faço), mas tente... imagine que um dia você foi capaz de viver sem isso, e mais, era feliz com essa ausência. O ser humano é mestre em adaptar-se, talvez por isso tenhamos sido feitos para sermos de nós mesmos, somente, e de mais ninguém.



terça-feira, 24 de julho de 2012

=/



Tenho perdido tantas pessoas importantes nos últimos tempos..
no começo eu lutava, brigava, esperneava, só faltava amarrar a pessoa no pé da minha cama, no pé da minha vida...
mas depois deixei...
as pessoas que querem ficar ficam, as que precisam ir.. vão..  cada um sabe o motivo pra permanecer ou partir...
é a lei da vida
mas isso não quer dizer que eu não sofra com as perdas... 
Me tornei uma pessoa mais fria por causa disso.. um pouco distante.. alheia. A gente sorri, mas na verdade o coração está partido.  E poucos entendem que estamos pela metade... faltam alguns pedaços.. partes importantes que ficaram pelo caminho...
Quem sabe a gente volta.. a ser quem se era. Mas nunca com a mesma intensidade.. Alguns pedaços mesmo que colados jamais tornarão a formar o mesmo inteiro que foram algum dia.

quarta-feira, 18 de julho de 2012



Faz tanto frio... faz tanto tempo...  
hoje é um daqueles típicos dias em que eu acordo com os olhos transbordando em lembranças que são peças insubstituíveis de um quebra-cabeças que está longe de ter uma solução exata...
falo tanto aqui nesse blog sobre sentimentos, momentos, memórias e amizades, que as vezes esqueço de falar de algumas saudades... algumas faltas que deixam um espaço em branco no meu coração e que cor nenhuma é capaz de colorir...
a gente conhece pessoas e aos poucos vai permitindo que elas se alojem em nosso coração.. passa-se a confiar, e não se trata de uma confiança superficial.. é algo real. A gente começa a dividir sonhos, esperanças, dores... resumindo... dividimos nossa vida!
Mas nem sempre as coisas fazem tanto sentido como as historias que fantasiamos em nossa imaginação... algumas amizades se perdem, se afastam, se fecham... nos tiram de sua vida... nos expulsam do mundo em que nos acostumamos a estar.. e é tudo tão brusco e repentino, e causa uma ferida tão profunda em nosso coração que quanto mais os dias passam, mais ela se expande, e dói...
e a gente se acostuma com a ausência... 
porém, basta ver novamente em nossa frente, ali tão próximo, e ao mesmo tempo tão distante, pra recordarmos de tantos instantes compartilhados... uma história construída sobre bases que infelizmente ruíram...
Depois de tanta coisa... me resta um ensinamento.. corações partidos por amores impossíveis ou não correspondidos podem doer, mas nem se comparam à dor de perder um amigo... isso sim é dor latente, contínua, intransferível... e eterna. Eterna quanto à amizade que um dia se jurou.

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Sobre o mito da sexta-feira 13...




Sexta-feira 13.
Lembro-me que desde sempre ouvi pessoas falando com pavor desse dia..
Parece que todos os personagens dos filmes de terror passam a perambular pelas mentes criativas dos medrosos de plantão.
Particularmente nunca tive medo desse dia.. o próprio número 13 nunca me representou azar... 
Acredito que as pessoas atribuem aos símbolos o significado que quiserem... Sorte ou azar são apenas representações que a gente costuma usar como escudo para nos eximir de algumas responsabilidades...
Sexta-feira 13... sim fato, mas apesar de toda a crença popular que envolve esse dia não me parece assim tão atípico... acordei, com sono como todos os outros dias... com meu bom humor habitual dos dias frios, limpei meu quarto com uma inspiração fora do comum (talvez aqui resida a atipicidade do dia rsrs)... sai de casa, fui à padaria ainda de pijama, voltei pra casa, cozinhei, almocei, fui para o trabalho, dei conta de minhas tarefas.. e por enquanto ainda não cruzei com a Samara ou o Jack pela rua...
Respeito opiniões, crenças... cada um pensa e acredita no que quiser, e isso não muda em nada minha vida. Mas é que tenho um carinho tão grande pelas sextas-feiras 13... e de fato, houve uma delas que não foi nada interessante pra mim... na qual eu chorei, pensei em desistir de algo que eu queria muito, e que eu sabia.. ainda me faria muito bem! Mas acontece que se na sexta-feira as lágrimas caíram, a madrugada do sábado trouxe consigo algumas reviravoltas e um sorriso bobo em meu rosto, que ali se alojou e por muito tempo não foi embora..
Por isso... não se importe tanto com o dia 13 e suas significações... pense que a meia-noite virá, e um novo dia poderá trazer surpresas agradáveis. Tudo se resume a um novo dia...

terça-feira, 3 de julho de 2012

A criança confia no adulto...

A maior tragédia dessa história é que as crianças confiam nos adultos. Confiam como uma bússola ou um oráculo. Agarram-se a seus atos e palavras como uma bóia no oceano ameaçador de uma vida a qual recém foram apresentadas.
A menina confia no pai quando ele diz que vai “chupar” seus seios que ela nem tem porque a ama.
Confia no pai também quando afirma que vai matar toda a família se contar para alguém sobre o “carinho” que recebe.
Confia na mãe quando é chamada por ela de vagabunda e quando a mãe garante que ela será um nada na vida.
Confia no padrasto quando ele apaga um cigarro em seu corpo porque foi um menino muito mau e quando ele bate sua cabeça na parede porque não suporta o choro de dor.
As crianças confiam nos adultos quando eles as espancam, as violam, as torturam e as matam.
Confia na professora quando sussurra que não quebrou a perna caindo da arvore como sua família contou ou que aquela mancha roxa na bochecha não foi resultado do soco de um colega.
Morre um pouco mais quando a professora diz que isso não passa de história de criança mal-educada.
Confia no conselheiro tutelar quando conta que vende o corpo na rua porque já foi violada em casa.
E confia nele também quando afirma que se não levar dinheiro para o casebre onde mora, vai apanhar a relho.
E morre um pouco mais quando o tudo que o conselheiro pode lhe oferecer é uma vaga numa instituição onde sabe que vai ser currado pelos mais velhos.
Confia no médico e na enfermeira, a quem abre as chagas do seu corpo, a custo sem medidas.
Confia no assistente social e no psicólogo, a quem escancara o coração até então encarcerado pelas chaves do silencio.
E morre um pouco mais quando o “sigilo ético” é usado como explicação para o zeloso profissional não levar o caso adiante.
Confia no juiz quando pede que limpe a cera do preconceito e a escute.
Confia no juiz também quando implora que preste atenção em evidências invisíveis, mas que sangrem, do que no laudo inconclusivo e estéril do departamento médico legal.
E morre em definitivo quando o senhor a quem pertence seu destino sentencia que não há provas materiais para condenar seu violador.
Ou que apesar de seus doze anos, era bem resolvida e esperta para seduzir seu estuprador.
OU PASSAMOS A MERECER A CONFIANÇA DA CRIANÇA QUE NOS ESTENDE A MÃO, OU A TRAGÉDIA É TUDO QUE NOS RESTARÁ.
Autor desconhecido

segunda-feira, 2 de julho de 2012



Tanta gente por aí camuflando emoções, mascarando sentimentos, mentindo pra si mesmo pra tentar esconder do mundo algumas dores, certas marcas que não devem aparecer, porque a gente finge que é forte o bastante pra sair de toda situação em se foi fraco o suficiente pra entrar... como já diria Caio Fernando.
No fim a gente apenas continua acreditando que conseguimos disfarçar nossa fraqueza por meio do sorriso apagado e do olhar quase confiante, e deixa de lado a possibilidade de dividir o medo, a angustia, a dúvida.
Sei lá... eu por exemplo na maioria das vezes de tão complexa estrapolo, passo dos limites, assumo uma tripolaridade absurda que chega dar nos nervos... sou quase um hieróglifo a ser decifrado... afugento qualquer um que se aproxime com um gesto de solidariedade e delicadeza...
Mas não se ofendam, é que nesses dias costumo estar numa voltagem acima da normal e qualquer contato pode configurar um choque estrondoso e com consequências irreparáveis. Então quando for assim não me peça pra abrir meu coração, porque as peças estarão tão confusas que você ficará tão assutado a ponto de desistir de mim... por isso apenas me olhe e sorria... entenda que não estou encenando. Trata-se apenas de uma camuflagem... a postura de inatingível evita que algumas fragilidades sejam evidenciados e que muitos golpes sejam dados nos pontos mais fracos e com recuperação difícil, lenta, dolorosa.
Mas voltando ao assunto, quer dizer, voltando ao que nem eu sei qual o sentido ou a motivação... voltando pro nada ou pro tudo que se torna banal quando a gente deixa de acreditar em faz de conta, nada fica de conclusivo, apenas a certeza que nada é pra sempre e que a gente tem que se conformar com isso.

a gente muda









Só que aí eu acabei mudando. E foi mudança aos poucos, porque até hoje me dou conta de coisas minhas que já não estão mais lá e, quem roubou, eu jamais vou saber. O sorriso mudou e a vontade de sorrir pra qualquer pessoa também, graças a Deus.Foi por sorrir tanto de graça que eu paguei tão caro por todas as coisas que me aconteceram. Às vezes me pego olhando ao meu redor e vendo tanta menina parecida comigo. Tanto sentimento gritando de bocas caladas e escorrendo de peles secas. Tanta coisa acontece com a gente. Tanta gente passa pela gente, mas tão pouca gente realmente fica.E eu sei que, talvez, eu tivesse que ficar triste.Talvez eu tivesse que continuar secando lágrimas, abraçando o vento e rindo no vácuo, mas o fato é que eu não consigo.Eu não consigo mais ser triste só para mostrar que um dia eu fui - ou achei que tivesse sido - feliz.Aprendi com os meus próprios erros que sofrer não torna mais poético, chorar não deixa mais aliviado e implorar não traz ninguém de volta. Aprendi também que por mais que você queria muito alguém, ninguém vale tanto a pena a ponto de você deixar de se querer. Eu que gritei para tantas pessoas ficarem, hoje só quero mesmo é que elas sumam de uma vez por todas. E em silêncio, que é pra ninguém ter porque se lamentar.

Tati Bernardi

 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

Um adeus que machuca....



Passei por diversas dores ao longo da minha vida... Tantas que quem olha pra esse sorriso no meu rosto, não imagina o tanto de noites que passei chorando, a quantidade de marcas que trago na alma... não necessariamente dores românticas e fúteis.. na maioria das vezes eram coisas muito mais importantes que um coração partido por um amor não correspondido...
Porém... nada nunca doeu tanto como dizer "quero meu afastamento da UJS SC"... uma frase tão curta, que só precisava ser digitada e pronto... mas poucos entendem que nessa frase eu deixo pra trás um dos motivos da minha existência... a luta no movimento estudantil configurou durante muitos anos a minha rotina, moldou meus ideais, reafirmou minha ideologia e minha defesa do comunismo. Foi ali que conheci pessoas magníficas, grandes líderes, militantes, revolucionários... Foi ali que entendi verdadeiramente o amor por algo muito maior...
Sabe aquela coisa do olho encher de lágrima quando você via a bandeira lá no alto nas manifestações, congressos, debates e todas as intervenções na sociedade? Sabe o que é o corpo todo arrepiar ao ouvir o canto ecoado por milhares de pessoas ao gritar UUUUU-J-S? Pois é... pra muitos parece bobagem.. mas  quem sabe o tamanho da importância que isso tem na minha vida... entende o porque do choro, do olhar distante, da tristeza no sorriso.
Me afasto com um sentimento de missão cumprida por todas as conquistas que tive... mas sabendo que muito mais poderia ser ter sido feito... pena que nem todos estão ali pela causa, e sim pra usar como trampolim, vitrine... e não faz parte da minha personalidade compactuar com isso!
Saio da militância, mas é fato que a militância jamais sairá de dentro de mim...

segunda-feira, 25 de junho de 2012


E será que alguma vez nessa vida a gente lá sabe o que está fazendo ao certo? Será? Pode ser que os mais seguros de si digam que sim, que sempre mantém o domínio da situação, que sabem perfeitamente quando, como, porque e para onde estão indo...
Mas eu não concordo...
Ouso dizer que na maioria da vezes o que concretizamos são apenas tentativas amadoras e frágeis de refinar os sonhos, mediar os desejos, calar algumas vontades e seguir o caminho reto, sem curvas, sem pedras, sem altos e baixos... e sem nenhuma graça também. 
Ora... é claro que a gente sempre sabe o que é melhor pra gente. Sabe exatamente quem pode nos fazer bem ou mal, tem total conhecimento acerca dos passos incertos que podem trazer graves consequências... a gente sabe dos riscos de algumas escolhas, do perigo latente de algumas estradas...
Mas se sabemos tanto de tudo isso, porque é que sempre optamos pelo caminho mais complicado?
A gente sabe o que quer, mas sabe também que não é o melhor... a gente sabe o que é o melhor, mas isso a gente não quer... E de tão confuso que se torna, preferimos ignorar  a contradição, negar o risco, e dar o próximo passo. A gente vai la e insiste, continua, permanece acreditando... e no fim, como em todas as outras vezes, se decepciona, promete desistir e nunca mais acreditar... mas é só um outro sonho bater a porta que milhões de luzes fluorescentes passam a sinalizar a possibilidade, e a esperança toma novamente todo o espaço, não deixa brecha alguma pra desconfiança... até a hora que a gente quebre a cara de novo. Sim... parece um ciclo sem fim. Mas na verdade trata-se de uma reação em cadeia... porque a partir do momento em que você de dispõe a ser mais que uma peça dentro do quebra-cabeças da vida e decide ser o protagonista de sua própria existência você passa a ser o maestro de uma complicada orquestra, cujos instrumentos nem sempre querem tocar as mesmas notas... e produzem um infinito de sons e misturas que nessa confusão que constitui nosso coração, compõe a canção mais sublime e cativante...
Não se preocupe muito com o que você quer e com o que é certo pra ti... com o tempo você aprende a querer o que é certo e tornar certo aquilo que quer... é confuso eu sei, mas é um dos grandes segredos da vida.. e de segredos cada um que entenda dos seus!

sexta-feira, 22 de junho de 2012




Engraçado como é a vida neh?
um vai e vem de pessoas, sentimentos e emoções que nem a gente mesmo entende as vezes...
As coisas vem... perturbam, tiram o sono, enlouquecem, e depois vão embora... ficam na lembrança como pegadas, marcas na alma e no coração... Bobagem dissertar e filosofar acerca daquilo que passou... existem coisas que tem o tempo certo e definido... é limitado, não é eterno... e passa.
A gente é que tem que se acostumar que as pessoas nem sempre terão o mesmo significado na nossa vida.. em momentos constituirão nosso todo, serão prioridade, sem substituição... protagonistas. Mas coisas acontecem, outras pessoas chegam, outros sentimentos surgem, e vão modificando as relações, enfraquecendo laços, criando nós confusos e vulneráveis...
Mas ainda assim acredite, aquilo que é realmente teu encontrará o caminho ao longo do tempo pra chegar até você, e chegando mesmo que se perca em algumas curvas, continuará tendo o mesmo grau de importância... Amigos e amores são lembrados a partir da forma e da intensidade que um dia tocaram nossa vida... e isso, NADA pode substituir!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O corpo é da mulher.. portanto.. ela faz com ele o que quiser!


Tá... sei que sou um pouco chata, e rebelde, e indignada... Sei que sou quase insuportável as vezes... mas quando minha utopia lhe soar alta demais, estridente demais, impossível demais.. feche os ouvidos e me deixe esbravejar sozinha...
Entretanto existem algumas coisas que preciso registrar aqui e que você sem dúvidas há de concordar comigo.. (se não concordar, ótimo também, não é minha intenção mudar seu ponto de vista).
O tema hoje é simples mas extremamente polêmico: o direito de cada mulher de fazer com seu corpo aquilo que deseja...
Não sejamos ingênuos... Vivemos em uma sociedade extremamente conservadora, em que o capital dita regras e a massa de manobra precisa seguir passivamente a cartilha imposta... Desde pequenos somos educados a comprar, amar apenas a nós mesmos, ter o dinheiro como Deus maior, tratar como lixo todos os ideais... Os meninos são ensinados a conquistar e as meninas a dar-se o devido valor... Como dizem, ensina-se a garota a não ser estuprada ao invés de ensinar o garoto a não estuprar. O machismo não é culpa do homem, afinal de contas é uma construção histórica e faz parte das estratégias do sistema para manter o status quo e a reprodução das formas de exploração. Mas é inaceitável que um homem afirme ter o direito de abusar de uma mulher apenas pelo fato dela usar roupas curtas... A saia e o decote não são um convite, muito menos uma permissão... porra, se fosse assim, o homem que adora desfilar sem camisa por aí também estaria pedindo para ser estuprado, mas sabemos que não é assim que a sociedade vê. A mulher está se oferecendo, o homem está apenas demonstrando sua masculinidade. Ora... chega de hipocrisia.. A ideia defendida e propagada é de que a mulher foi criada para ter filhos, como se fosse uma pré-disposição genética.. mas, sinto desapontá-los: nããão, existem mulheres que não querem ser mães, e isso precisa ser respeitado você não acha? Aí você provavelmente questionará: mas e tantas formas e métodos anticonceptivos? Ora quem sou eu e quem é você para julgar alguém por não usar camisinha ou não tomar o bendito anticoncepcional?
É engraçado ouvir os posicionamentos acerca do aborto.. Tão contraditório ouvir seguimentos como a Igreja e o Senado falando sobre ética e defesa da vida quando o tema é a legalização do aborto, mas vê-los fazendo absolutamente NADA para ajudar milhares de crianças que vivem pelas ruas, sem casa, sem pai, sem mãe, sem quem lute por elas... Sejamos no mínimo coerentes.. a Igreja tem total consciência de que se dividisse seu patrimônio teria condições de resolver o problema da fome no mundo, mas não, continua escondida atrás dos altares de ouro e dos crucifixos de prata, tentando nos fazer acreditar que tudo que pregam é em nome da palavra de Deus.. Jesus falou em igualdade e liberdade.. como podem manter a injustiça e a repressão? 
Ao defender o aborto não estamos dizendo que serão espalhado outdoors ou placas pela cidade dizendo "tire seu filho aqui"... não queremos matar criancinhas, tenha santa paciência... somos humanos, amamos nossos pequeninos também... porém, estamos  lutando para que toda mulher tenha o DIREITO de decidir sobre seu próprio corpo.. e de fazer escolhas acerca de uma questão tão importante em sua vida. Pense comigo... a garantia de acesso ao aborto no sistema publico de saúde não irá forçar uma mulher a fazê-lo, afinal mulher nenhuma permitiria abrir mão de um filho que ela deseja e ama... mas significará a possibilidade de uma intervenção segura para mulheres que não querem ser mães, não naquele momento, e que se não tiverem acesso farão do mesmo jeito, de formas clandestinas colocando em risco sua própria vida.Você não precisa ser a favor o aborto. Você só precisa ter consciência de que assim como tem direito de decidir sobre sua vida, os outros também o tem, e isso deve ser respeitado.
Pense bem antes de falar da roupa de uma mulher, ou de julgá-la... a bíblia fala que viemos da sua costela... mas o que vemos diariamente é vocês saindo do nosso útero!

Sobre meu aqui e meu agora


Passei um tempo debruçada sobre mim mesma nos últimos dias... considerei importante olhar pra trás, revirar algumas gavetas, desarrumar armários, e no meio de tantas curvas do meu passado, recuperar o que de mais valioso ficou, os aprendizados que permaneceram, as emoções que me preencheram e as feridas causadoras das cicatrizes que tenho hoje em minha alma, as quais cuido tanto, porque são importantes pra mim.
Encontrei escondidos em algumas prateleiras empoeiradas amigos de minha infância e adolescência, tão especiais, que foram tão importantes, mas que por vontade própria ou não, passaram a ser ausência, e falta, e saudade. No meio de tantas cartas e versos, reencontrei sentimentos, revivi momentos, desenterrei segredos e sorri ao ver que tudo permanecia ali, em minha memória... mas foi um sorriso triste, porque a nostalgia não me faz poder ter de volta tudo isso... 
Percebo assim, que a garota que sou hoje nada mais é do que a soma de todos esses pequenos detalhes de meu passado.. das lágrimas, dos sorrisos, das dúvidas superadas e outras nem tanto, das decepções, das lutas, vitórias e quedas... dos passos de dança, das músicas que ouvia, dos versos que escrevia, da petulância e insolência... da mais pura insubordinação, da indignação constante, do nervosismo patético, do cuidado com o outro, do ombro sempre disposto, do colo sempre pronto... 
Proponho mudanças a mim mesma, metas que preciso cumprir pra que eu sofra menos com coisas insignificantes, pra que seja eu por mim, e não pelos outros (desculpem o assassinato da gramática)... acontece que não se muda, não se altera assim... porque tudo foi construção, foi processo... foram noites de choro e manhãs de ressaca que formaram tamanha personalidade... e sendo assim decido pela ousadia de permanecer sendo a mesma.. essa tão cheia de erros, totalmente as avessas, impossível de se conhecer e com uma alma que precisa ser muito estudada para ser compreendida... não que eu goste de ser complicada... mas prefiro o complexo ao fútil e linear... sou muitas, sou todas, sou (simples)mente eu.



"Crie laços com as pessoas que lhe fazem bem, que lhe parecem verdadeiras. Desfaça os nós que lhe prendem àquelas que foram significativas na sua vida, mas, infelizmente, por vontade própria, deixaram de ser. Nó aperta, laço enfeita. Simples assim.” 

(Caio Fernando de Abreu)

sexta-feira, 18 de maio de 2012


Como diria uma amiga... se for pra ser que seja!
A gente passa muito tempo vivendo pelos outros, importando-se com o que eles vão pensar ou achar ou supor... A gente pensa que deve algo ao mundo, às pessoas.. que deve satisfações, deve conselhos, deve ombros e carinhos... Engano, não devemos nada... Nossa única dívida refere-se a nós mesmos, e à obrigação que temos de viver intensa e verdadeiramente cada segundo de nossa breve e frágil existência!
A gente se prende a algumas pessoas, não aceita a hipótese de viver longe delas por nada nesse mundo, mas, não consideramos algumas perguntas imprescindíveis: essa presença nos faz bem? Somo capazes de viver sem isso?
Afastar-se as vezes é um exercício de coragem e de auto-conhecimento... precisamos saber até que ponto aquilo é realmente essencial em nossos dias, e mais, saber se não se trata apenas de comodismo, de termos nos acostumado com aquela situação, aceitado o pouco que nos dão transformando esse pouco em tudo... descobrir se aquele amor que a gente não esquece talvez não seja apenas atribuído às lembranças que temos de bons momentos compartilhados... é importante saber distinguir essas coisas... boas lembranças são importantes, mas elas não podem constituir nosso presente muito menos o futuro, porque pertencem ao passado e é apenas nele que fazem sentido...
É preciso ficar longe as vezes... isolar-se... a gente vê as coisas melhor de fora, vê onde estão os erros, onde as possibilidades se escondem, o que é preciso ser rompido e o que necessita de maior enfase, maior atenção... Se for pra ser nosso, pode crer que volta.. volta sim... pode demorar um tempo, pode doer um pouco, pode fazer falta no começo, ou nem sequer causar efeito... não é preciso correr atrás, não é necessário encher a caixa de entrada com emails e declarações, não exige telefonemas, conversas ou imposições... se é nosso, então é, e pronto... e uma hora volta, chega, preenche, completa...
Se for pra ser, então que seja, e nem precisa ser logo... afinal como diria Renato "temos todo tempo do mundo".

quinta-feira, 17 de maio de 2012





Metades...



Nunca fui uma pessoa pela metade... Sempre gostei de coisas completas, cheias, inteiras.. Quando criança não me permitia deixar uma brincadeira sem um fim, um jogo sem um vencedor, um desenho colorido ao meio... Cresci... não que eu tenha me tornado mulher, porque me considero apenas uma menina grande... mas acontece que a medida que o tempo passa a gente se obriga a modificar alguns interesses, alguns gostos e algumas prioridades e passei então a não aceitar mais metade de uma dose, meio copo... meio sentimento, entrega em pedaços... é coisa de gênio mesmo... gênio dos piores como diria minha mãe...
A vida é bem comediante quando quer, você não acha?Pense...  Aí do nada você se depara com situações em que o que te sobra são restos... não que isso seja do dia pra noite.. é bem devagar, gradativo... primeiro você é conquistado, é sério, não ria porque se nunca passou por isso, com certeza, vai passar.. a pessoa vem do nada, destrói teu discurso de não querer em hipótese alguma se apaixonar, insiste tanto, usa todos os artifícios, liga, chama, implora... e te toma, rouba teu coração e bem mais que isso, furta teus pensamentos, tuas noites de sono bem dormido, teus momentos de folga, pega tudo pra ela... mas no começo você gosta.. sim, faz bem sentir-se amado, por mais que as feministas esbravejem, as vezes é bom sair da fortaleza que nos faz auto-suficientes e assumir pertencer a alguém... o tempo vai passando e o jogo vira... agora é você quem tem que correr atrás, você liga, grita, declara todo o amor do mundo, passa a dar prioridade àquele sentimento.. mas não adianta... você se tornou uma opção, mais um numero na agenda, mais uma possibilidade no fim da festa quando todos estiverem bêbados demais para discernir seus atos e vontades... Mas aí vem o pior: você aceita isso, você se condiciona a essa situação... admite receber um telefonema uma vez por semana, na segunda-feira, quando todas as outras estão ocupadas.. você abre mão da noite que havia decidido iniciar o projeto de TCC, ou a cerva marcada com as amigas... e vai.. e se entrega de novo, e não entrega pouca coisa...é tudo, mesmo que seja pouco.. Mas há uma boa notícia.. calma... uma hora você cansa! É cansa mesmo... cansa de vez. Você diz: não quero isso pra mim, sou muito mais do que um contato de msn, um ombro, uma opção... sou prioridade.. Sim... aprenda isso de uma vez por todas: você é a prioridade sempre, não importa o quanto ame alguém, quantos amigos você possua... você é e sempre será um ser solitário em sua essência, ninguém sofrerá no teu lugar... portanto quando te oferecerem restos, metades, incompletudes... sorria e diga: de incompleto já basta minha própria alma, cheia de abismos, rupturas e imperfeições.. se quiser vir, venha inteiro, seja meu, ou então nem venha... nem se aproxime... me deixe aqui com meus sonhos, e meus devaneios e minha loucura inocente... ah mas me liga amanhã, vou ver minha agenda, você pode ser uma ótima opção.
Uma sala, um bosque, uma praça... Rostos que exprimem sorrisos, que choram, que demonstram apreensão ou alegria... Um ginásio, um estádio, um monumento histórico.. gritos que se misturam a uma emoção até então contida, abafada, mas que toma corpo, e voz, e cheiro e sentimento...
São diversas caras, milhares de sonhos, enormes vontades multiplicadas pela indignação frente aos problemas do mundo... Lágrimas de tristeza ao ver uma criança passando fome, gritos de indignação frente a voracidade do projeto neoliberal e dos governos de extrema direita... sopros de esperança diante da mobilização e da possibilidade... sim, existem outros que pensam como eu, que são capazes de se revoltar a cada injustiça cometida no mundo, que se preocupam em discutir política, que abominam o preconceito, que lutam acima de tudo por RESPEITO e LIBERDADE...
Uma mochila, um ônibus, e um destino... O de encontrar pessoas com quem eu possa compartilhar minha vontade de mudar o imposto, de fazer, de ser, de poder...
É movimento estudantil na cara cansada pelas horas de viagem, na bandeira descansando sobre o ombro e no grito mais forte que o pulmão possa produzir..."Eu amo essa entidade e o nome dela eu vou dizer: UUU-J-S"...
E a gente continua... porque o movimento estudantil é mais que uma opção.. tá no sangue, não tem como fugir não!!!



terça-feira, 15 de maio de 2012




"Dizemos não ao elogio do dinheiro e da morte. Dizemos não a um sistema que põe preço nas coisas e nas pessoas, onde quem mais tem é quem mais vale; dizemos não a um mundo que destina dois milhões de dólares por minuto para as armas de guerra enquanto mata, por minuto, 30 crianças, de fome ou doença curável. A bomba de neutrons, que salva as coisas e aniquila as pessoas, é um perfeito símbolo do nosso tempo. Para o sistema assassino que converte em objetivos militares as estrelas da noite, o ser humano não é nada mais do que um fator de produção e consumo e objeto de uso; o tempo não é outra coisa para além de um recurso econômico; e o planeta inteiro, uma fonte de renda que deve render até a última gota do seu caldo. A pobreza é multiplicada para que a riqueza se possa multiplicar, e multiplicam-se as armas que garantem essa riqueza, riqueza de pouquinhos, e que mantém à margem a pobreza de todos os outros, e também se multiplica, enquanto isso, a solidão: nós dizemos não a um sistema que nega comida e nega amor, que condena muitos à fome de comida e muitos mais à fome de abraços. 
Dizemos não à mentira. A cultura dominante, que os grandes meios de comunicação irradiam em escala universal, convida-nos a confundir o mundo com um supermercado ou uma pista de corrida, onde o próximo pode ser uma mercadoria ou um competidor, mas jamais um irmão. Essa cultura mentirosa, que grotescamente especula com o amor humano para lhe arrancar mais-valia, é na realidade a cultura da desvinculação : tem por deuses os ganhadores, os exitosos donos do dinheiro e do poder, e por heróis os "Rambos" fardados que cuidam das suas costas aplicando a Doutrina da Segurança Nacional. Pelo que diz e pelo que cala, a cultura dominante mente que a pobreza dos pobres não é um resultado da riqueza dos ricos, mas que é filha de ninguém, vinda no bojo de uma couve-flor ou da vontade de Deus, que fez os pobres preguiçosos e burros.Da mesma maneira, a humilhação de alguns homens provocada por outros não tem por que motivar a solidária indignação ou o escândalo, porque pertence à ordem natural das coisas.
O desprezo transforma a história e mutila o mundo. Os poderosos fabricantes de opinião tratam-nos como se não existíssemos, ou como se fôssemos sombras tontas. A herança colonial obriga o chamado Terceiro Mundo, habitado por pessoas de terceira categoria, a aceitar como própria a memória dos seus vencedores, e obriga-o a compor a mentira alheia para a usar como se fosse a própria verdade. Premeiam a nossa obediência, castigam a nossa inteligência e desalentam a nossa energia criadora. Somos opinados, mas não podemos ser opinadores. Temos direito ao eco, não à voz, e os que mandam elogiam o nosso talento de papagaios. Nós dizemos não: nós negamo-nos a aceitar esta mediocridade como destino. 
Nós dizemos não ao medo. Não ao medo de dizer, ao medo de fazer, ao medo de ser. O colonialismo visível proíbe dizer, proíbe fazer, proíbe ser. O colonialismo invisível, mais eficaz, convence-nos de que não se pode dizer, não se pode fazer, não se pode ser. O medo disfarça-se de realismo: para que a realidade não seja irreal, dizem os ideólogos da impotência, a moral haverá de ser imoral. Frente à indignidade, frente à miséria, frente à mentira, não temos outro remédio para além da resignação. Marcados pela fatalidade, nascemos preguiçosos, irresponsáveis, violentos, bobos, pitorescos e condenados à tutela militar. No máximo, podemos aspirar a converter-nos em prisioneiros do bom comportamento, capazes de pagar pontualmente os interesses de uma descomunal dívida externa contraída para financiar o luxo que nos humilha e o bastão que nos golpeia. 
E neste estado de coisas, nós dizemos não à neutralidade da palavra humana. Dizemos não aos que nos convidam a lavar as mãos perante as quotidianas crucificações que ocorrem ao nosso redor. Seria bela a beleza, se não fosse justa? Seria justa a justiça, se não fosse bela? Nós dizemos não ao divórcio entre a beleza e a justiça, porque dizemos sim ao seu abraço poderoso e fecundo. 
Acontece que nós dizemos não, e dizendo não estamos dizendo sim.  
Dizendo não à paz sem dignidade, nós estamos dizendo sim ao sagrado direito de rebelião contra a injustiça.
Dizendo não à liberdade do dinheiro, nós estamos dizendo sim à liberdade das pessoas: liberdade maltratada e machucada, mil vezes derrubada, como o Chile e, como o Chile, mil vezes erguida. 
Dizendo não ao egoísmo suicida dos poderosos, que converteram o mundo num vasto quartel, nós estamos dizendo sim à solidariedade humana, que nos dá sentido universal e confirma a força de fraternidades mais poderosas que todas as fronteiras com todos os seus guardiães: essa força que nos invade...
E dizendo não ao triste encanto do desencanto, nós estamos dizendo sim à esperança, à esperança faminta e louca e amante e amada..."
Eduardo Galeano.

FELIZ DIA DO ASSISTENTE SOCIAL... AOS PROFISSIONAIS E A NÓS ASPIRANTES rsrsrs

segunda-feira, 14 de maio de 2012


Eu digo o que penso e defendo quem amo. Meu jeito é esse. Minha forma de agir é essa desde que nasci. Não sei se isso é certo, errado ou legal, mas não conheço outra forma de ser. Todo mundo vai nos decepcionar um dia. já me decepcionaram, já decepcionei, mesmo sem querer. E a vida segue assim. Só não entendo como uma pessoa não pode ser ela mesma com outra sem causar algum constrangimento ou não satisfação. Acho que tudo é equilíbrio: eu tento te entender, você tenta me entender. Eu procuro me colocar no seu lugar, você procura se colocar no meu. Se eu vejo que passei do ponto peço desculpa, se você vê que passou do ponto você pede desculpa. Ninguém é sempre santo ou sempre devasso. Ninguém é dono da verdade, nem melhor que ninguém. Por isso, a gente guarda a arrogância no fundo do peito, engole o orgulho e dá o primeiro passo. Alguém tem que dar o primeiro passo, não é mesmo? Mas quer saber? Eu cansei de sempre dar o primeiro passo. Sei perdoar. Ou pelo menos me esforço pra isso. Tento me perdoar, tento te perdoar. Então eu pergunto: e você? Você sabe?


Clarissa Corrêa