segunda-feira, 23 de março de 2015

O verão vira outono, março vira abril, lua nova vira crescente e depois cheia e mingua e é nova de novo, o tempo passa e tudo se transforma. O que ontem era repleto de flores e vida amanhã começa a desmontar-se lentamente. As folhas caem, a paisagem muda, talvez pareça mais nebulosa, introspectiva. Precisará de um tempo para voltar a brilhar. A enfeitar os dias.
A gente também é assim... Tem fases de primavera... e períodos de inverno. Acredito que o bom da vida seja aprender que ambos são necessários. Saber ser triste de vez em quando. Admitir não estar sempre com um sorriso na cara demonstrando uma felicidade vendida em propagandas de pasta de dente, em capas de revista, no perfil do facebook. E mais importante ainda: perceber quem permanece quando nem tudo está bem, quando você não está pra balada, pra farra ou pra badalação. Quando seu humor não está dos melhores... Houve quem disse que "é fácil amar o outro na mesa de bar" É fácil ser amigo quando as coisas estão todas no seu devido lugar. Mas é difícil manter-se ao lado no meio do furacão.
Tenho passado por uma fase meio difícil... Os que estão perto sabem porque. E, infelizmente, posso contar nos dedos as pessoas que se preocuparam em me pedir como estou, oferecer ajuda, nem que seja um abraço, uma conversa, um "tudo vai ficar bem". No começo fiquei triste por ver tantas pessoas que julgava "pra sempre" ignorarem completamente o fato de eu também ser de carne e osso, de não ser  sempre a muralha... Acredito que triste não seja a palavra certa. Quem sabe, decepcionada. Mas como decepção tem muito mais a ver com a expectativa que nós atribuímos ao outro, volto a olhar para dentro de mim e então noto que essas fases são necessárias. E mais que isso: fundamentais. Houve os que foram, que passaram. Mas ah, como o destino é bom, trouxe outros que se importaram, que ajudaram a segurar a barra, com uma flor ou uma carta, com um sorriro ou um abraço, me fizeram acreditar que isso também há de passar. Há que se aprender a deixar o passado ir. Há que se manter o sonho vivo e a esperança aquecida. Há que se perder algumas folhas no outono para poder voltar a florir na primavera.