sexta-feira, 18 de maio de 2012


Como diria uma amiga... se for pra ser que seja!
A gente passa muito tempo vivendo pelos outros, importando-se com o que eles vão pensar ou achar ou supor... A gente pensa que deve algo ao mundo, às pessoas.. que deve satisfações, deve conselhos, deve ombros e carinhos... Engano, não devemos nada... Nossa única dívida refere-se a nós mesmos, e à obrigação que temos de viver intensa e verdadeiramente cada segundo de nossa breve e frágil existência!
A gente se prende a algumas pessoas, não aceita a hipótese de viver longe delas por nada nesse mundo, mas, não consideramos algumas perguntas imprescindíveis: essa presença nos faz bem? Somo capazes de viver sem isso?
Afastar-se as vezes é um exercício de coragem e de auto-conhecimento... precisamos saber até que ponto aquilo é realmente essencial em nossos dias, e mais, saber se não se trata apenas de comodismo, de termos nos acostumado com aquela situação, aceitado o pouco que nos dão transformando esse pouco em tudo... descobrir se aquele amor que a gente não esquece talvez não seja apenas atribuído às lembranças que temos de bons momentos compartilhados... é importante saber distinguir essas coisas... boas lembranças são importantes, mas elas não podem constituir nosso presente muito menos o futuro, porque pertencem ao passado e é apenas nele que fazem sentido...
É preciso ficar longe as vezes... isolar-se... a gente vê as coisas melhor de fora, vê onde estão os erros, onde as possibilidades se escondem, o que é preciso ser rompido e o que necessita de maior enfase, maior atenção... Se for pra ser nosso, pode crer que volta.. volta sim... pode demorar um tempo, pode doer um pouco, pode fazer falta no começo, ou nem sequer causar efeito... não é preciso correr atrás, não é necessário encher a caixa de entrada com emails e declarações, não exige telefonemas, conversas ou imposições... se é nosso, então é, e pronto... e uma hora volta, chega, preenche, completa...
Se for pra ser, então que seja, e nem precisa ser logo... afinal como diria Renato "temos todo tempo do mundo".

quinta-feira, 17 de maio de 2012





Metades...



Nunca fui uma pessoa pela metade... Sempre gostei de coisas completas, cheias, inteiras.. Quando criança não me permitia deixar uma brincadeira sem um fim, um jogo sem um vencedor, um desenho colorido ao meio... Cresci... não que eu tenha me tornado mulher, porque me considero apenas uma menina grande... mas acontece que a medida que o tempo passa a gente se obriga a modificar alguns interesses, alguns gostos e algumas prioridades e passei então a não aceitar mais metade de uma dose, meio copo... meio sentimento, entrega em pedaços... é coisa de gênio mesmo... gênio dos piores como diria minha mãe...
A vida é bem comediante quando quer, você não acha?Pense...  Aí do nada você se depara com situações em que o que te sobra são restos... não que isso seja do dia pra noite.. é bem devagar, gradativo... primeiro você é conquistado, é sério, não ria porque se nunca passou por isso, com certeza, vai passar.. a pessoa vem do nada, destrói teu discurso de não querer em hipótese alguma se apaixonar, insiste tanto, usa todos os artifícios, liga, chama, implora... e te toma, rouba teu coração e bem mais que isso, furta teus pensamentos, tuas noites de sono bem dormido, teus momentos de folga, pega tudo pra ela... mas no começo você gosta.. sim, faz bem sentir-se amado, por mais que as feministas esbravejem, as vezes é bom sair da fortaleza que nos faz auto-suficientes e assumir pertencer a alguém... o tempo vai passando e o jogo vira... agora é você quem tem que correr atrás, você liga, grita, declara todo o amor do mundo, passa a dar prioridade àquele sentimento.. mas não adianta... você se tornou uma opção, mais um numero na agenda, mais uma possibilidade no fim da festa quando todos estiverem bêbados demais para discernir seus atos e vontades... Mas aí vem o pior: você aceita isso, você se condiciona a essa situação... admite receber um telefonema uma vez por semana, na segunda-feira, quando todas as outras estão ocupadas.. você abre mão da noite que havia decidido iniciar o projeto de TCC, ou a cerva marcada com as amigas... e vai.. e se entrega de novo, e não entrega pouca coisa...é tudo, mesmo que seja pouco.. Mas há uma boa notícia.. calma... uma hora você cansa! É cansa mesmo... cansa de vez. Você diz: não quero isso pra mim, sou muito mais do que um contato de msn, um ombro, uma opção... sou prioridade.. Sim... aprenda isso de uma vez por todas: você é a prioridade sempre, não importa o quanto ame alguém, quantos amigos você possua... você é e sempre será um ser solitário em sua essência, ninguém sofrerá no teu lugar... portanto quando te oferecerem restos, metades, incompletudes... sorria e diga: de incompleto já basta minha própria alma, cheia de abismos, rupturas e imperfeições.. se quiser vir, venha inteiro, seja meu, ou então nem venha... nem se aproxime... me deixe aqui com meus sonhos, e meus devaneios e minha loucura inocente... ah mas me liga amanhã, vou ver minha agenda, você pode ser uma ótima opção.
Uma sala, um bosque, uma praça... Rostos que exprimem sorrisos, que choram, que demonstram apreensão ou alegria... Um ginásio, um estádio, um monumento histórico.. gritos que se misturam a uma emoção até então contida, abafada, mas que toma corpo, e voz, e cheiro e sentimento...
São diversas caras, milhares de sonhos, enormes vontades multiplicadas pela indignação frente aos problemas do mundo... Lágrimas de tristeza ao ver uma criança passando fome, gritos de indignação frente a voracidade do projeto neoliberal e dos governos de extrema direita... sopros de esperança diante da mobilização e da possibilidade... sim, existem outros que pensam como eu, que são capazes de se revoltar a cada injustiça cometida no mundo, que se preocupam em discutir política, que abominam o preconceito, que lutam acima de tudo por RESPEITO e LIBERDADE...
Uma mochila, um ônibus, e um destino... O de encontrar pessoas com quem eu possa compartilhar minha vontade de mudar o imposto, de fazer, de ser, de poder...
É movimento estudantil na cara cansada pelas horas de viagem, na bandeira descansando sobre o ombro e no grito mais forte que o pulmão possa produzir..."Eu amo essa entidade e o nome dela eu vou dizer: UUU-J-S"...
E a gente continua... porque o movimento estudantil é mais que uma opção.. tá no sangue, não tem como fugir não!!!



terça-feira, 15 de maio de 2012




"Dizemos não ao elogio do dinheiro e da morte. Dizemos não a um sistema que põe preço nas coisas e nas pessoas, onde quem mais tem é quem mais vale; dizemos não a um mundo que destina dois milhões de dólares por minuto para as armas de guerra enquanto mata, por minuto, 30 crianças, de fome ou doença curável. A bomba de neutrons, que salva as coisas e aniquila as pessoas, é um perfeito símbolo do nosso tempo. Para o sistema assassino que converte em objetivos militares as estrelas da noite, o ser humano não é nada mais do que um fator de produção e consumo e objeto de uso; o tempo não é outra coisa para além de um recurso econômico; e o planeta inteiro, uma fonte de renda que deve render até a última gota do seu caldo. A pobreza é multiplicada para que a riqueza se possa multiplicar, e multiplicam-se as armas que garantem essa riqueza, riqueza de pouquinhos, e que mantém à margem a pobreza de todos os outros, e também se multiplica, enquanto isso, a solidão: nós dizemos não a um sistema que nega comida e nega amor, que condena muitos à fome de comida e muitos mais à fome de abraços. 
Dizemos não à mentira. A cultura dominante, que os grandes meios de comunicação irradiam em escala universal, convida-nos a confundir o mundo com um supermercado ou uma pista de corrida, onde o próximo pode ser uma mercadoria ou um competidor, mas jamais um irmão. Essa cultura mentirosa, que grotescamente especula com o amor humano para lhe arrancar mais-valia, é na realidade a cultura da desvinculação : tem por deuses os ganhadores, os exitosos donos do dinheiro e do poder, e por heróis os "Rambos" fardados que cuidam das suas costas aplicando a Doutrina da Segurança Nacional. Pelo que diz e pelo que cala, a cultura dominante mente que a pobreza dos pobres não é um resultado da riqueza dos ricos, mas que é filha de ninguém, vinda no bojo de uma couve-flor ou da vontade de Deus, que fez os pobres preguiçosos e burros.Da mesma maneira, a humilhação de alguns homens provocada por outros não tem por que motivar a solidária indignação ou o escândalo, porque pertence à ordem natural das coisas.
O desprezo transforma a história e mutila o mundo. Os poderosos fabricantes de opinião tratam-nos como se não existíssemos, ou como se fôssemos sombras tontas. A herança colonial obriga o chamado Terceiro Mundo, habitado por pessoas de terceira categoria, a aceitar como própria a memória dos seus vencedores, e obriga-o a compor a mentira alheia para a usar como se fosse a própria verdade. Premeiam a nossa obediência, castigam a nossa inteligência e desalentam a nossa energia criadora. Somos opinados, mas não podemos ser opinadores. Temos direito ao eco, não à voz, e os que mandam elogiam o nosso talento de papagaios. Nós dizemos não: nós negamo-nos a aceitar esta mediocridade como destino. 
Nós dizemos não ao medo. Não ao medo de dizer, ao medo de fazer, ao medo de ser. O colonialismo visível proíbe dizer, proíbe fazer, proíbe ser. O colonialismo invisível, mais eficaz, convence-nos de que não se pode dizer, não se pode fazer, não se pode ser. O medo disfarça-se de realismo: para que a realidade não seja irreal, dizem os ideólogos da impotência, a moral haverá de ser imoral. Frente à indignidade, frente à miséria, frente à mentira, não temos outro remédio para além da resignação. Marcados pela fatalidade, nascemos preguiçosos, irresponsáveis, violentos, bobos, pitorescos e condenados à tutela militar. No máximo, podemos aspirar a converter-nos em prisioneiros do bom comportamento, capazes de pagar pontualmente os interesses de uma descomunal dívida externa contraída para financiar o luxo que nos humilha e o bastão que nos golpeia. 
E neste estado de coisas, nós dizemos não à neutralidade da palavra humana. Dizemos não aos que nos convidam a lavar as mãos perante as quotidianas crucificações que ocorrem ao nosso redor. Seria bela a beleza, se não fosse justa? Seria justa a justiça, se não fosse bela? Nós dizemos não ao divórcio entre a beleza e a justiça, porque dizemos sim ao seu abraço poderoso e fecundo. 
Acontece que nós dizemos não, e dizendo não estamos dizendo sim.  
Dizendo não à paz sem dignidade, nós estamos dizendo sim ao sagrado direito de rebelião contra a injustiça.
Dizendo não à liberdade do dinheiro, nós estamos dizendo sim à liberdade das pessoas: liberdade maltratada e machucada, mil vezes derrubada, como o Chile e, como o Chile, mil vezes erguida. 
Dizendo não ao egoísmo suicida dos poderosos, que converteram o mundo num vasto quartel, nós estamos dizendo sim à solidariedade humana, que nos dá sentido universal e confirma a força de fraternidades mais poderosas que todas as fronteiras com todos os seus guardiães: essa força que nos invade...
E dizendo não ao triste encanto do desencanto, nós estamos dizendo sim à esperança, à esperança faminta e louca e amante e amada..."
Eduardo Galeano.

FELIZ DIA DO ASSISTENTE SOCIAL... AOS PROFISSIONAIS E A NÓS ASPIRANTES rsrsrs

segunda-feira, 14 de maio de 2012


Eu digo o que penso e defendo quem amo. Meu jeito é esse. Minha forma de agir é essa desde que nasci. Não sei se isso é certo, errado ou legal, mas não conheço outra forma de ser. Todo mundo vai nos decepcionar um dia. já me decepcionaram, já decepcionei, mesmo sem querer. E a vida segue assim. Só não entendo como uma pessoa não pode ser ela mesma com outra sem causar algum constrangimento ou não satisfação. Acho que tudo é equilíbrio: eu tento te entender, você tenta me entender. Eu procuro me colocar no seu lugar, você procura se colocar no meu. Se eu vejo que passei do ponto peço desculpa, se você vê que passou do ponto você pede desculpa. Ninguém é sempre santo ou sempre devasso. Ninguém é dono da verdade, nem melhor que ninguém. Por isso, a gente guarda a arrogância no fundo do peito, engole o orgulho e dá o primeiro passo. Alguém tem que dar o primeiro passo, não é mesmo? Mas quer saber? Eu cansei de sempre dar o primeiro passo. Sei perdoar. Ou pelo menos me esforço pra isso. Tento me perdoar, tento te perdoar. Então eu pergunto: e você? Você sabe?


Clarissa Corrêa

a criança que ainda somos



O que fazer quando nada mais surte efeito?
Quando você precisa cada vez de doses maiores de bebidas ainda mais fortes, capazes de te anestesiar, te manter alheio ao mundo, alheio às lembranças, às feridas e às cicatrizes que insistem em te fazer voltar a um passado que machucou tanto, que deixou tantas marcas na alma, na pele, no coração...
Nada mais faz muito sentido, apenas a vaga memória de alguém que fomos um dia, mas que se perdeu em meio a alguns tombos, muitas responsabilidades e os nãos que a vida teima em nos dizer...
São tempos difíceis... não nos encontramos, nada parece familiar... não esperamos que as coisas mudem nem acreditamos que elas possam realmente tomar novos rumos, e vamos assim nos acostumando a uma vida medíocre, a sentimentos fracos mas seguros, a tudo que nos mantenha presos ao chão, porque o medo de voar já é algo que nos apavora tanto quanto os monstros de nossa infancia...
Mas a gente sabe que bem la no fundinho ainda somos os mesmos.. eu sei, que la em alguma das esquinas do labirinto que é meu coração ainda está a menina que fui um dia... a que se acostumou a não aceitar nada que fosse mais ou menos, a que acreditava que sonhos podiam se realizar, a que olhava pro céu e ao contar tantas estrelas tinha esperança de um dia tocar uma delas... a menina que sonhou mudar o mundo, que quis levar todas as crianças de rua pra casa e cuidar delas, a que nunca aceitou a palavra traição, a que acreditava em sentimentos verdadeiros e não em patéticos "eu te amo" que não duram um dia...
Essa menina existe sim, eu sei... em algum canto, escondida, quem sabe debruçada sobre as mãos, com os olhos turvados por algumas lágrimas... mas ela está presente...
A gente cresce e esquece de dar voz a criança que vive em nós... então ela se cala... assiste quieta enquanto nossa teimosia nos faz andar pelos piores caminhos, escolher as opções erradas, cair inúmeros tombos, levar muitas surras... ela não se pronuncia, mas cada vez que choramos é ela quem vem enxugar nossas lágrimas e sussurra em nosso ouvido: em qual das esquinas do seu passado você se perdeu??Deixemos que a criança que habita em nós fale mais alto... ela pode não entender nada de mundo, de amores imperfeitos, de quedas e decepções... mas ela sabe como ninguém viver sem esperar o dia de amanhã, aproveitando cada segundo como quem saboreia um pedaço de chocolate... ela ainda vibra, ainda tem emoção, ainda tem o que esperar...Esperemos... até que um dia o sono tranquilo da nossa infância volte a reger nossas noites... e leve embora os pesadelos, e os fantasmas e as lágrimas silenciosas que deixamos cair... Ser adulto cansa!




heei galera.. desculpa o texto fraquinho.. ando sem muita inspiração!