quarta-feira, 11 de setembro de 2013


Sempre gostei de ler. Desde que fui capaz, pela primeira vez, de decifrar os verdadeiros hieróglifos que nós, seres humanos criamos, em forma de letras, e que as crianças precisam passar a entender para ingressar no mundo "adulto", fui tomada por um encantamento ilimitado pelo mundo das palavras escritas. Até hoje acredito que não há no universo aroma melhor do que o de um livro... aquelas páginas novas ou amareladas... aquela historia ali, impressa, exposta, que carrega consigo diversas interpretações, entendimentos, que variam de acordo com a maneira com a qual cada um é tocado por aqueles parágrafos.
Mas não estou aqui para falar sobre minha paixão pela leitura, e sim por um fato ao qual me detive e que me chamou atenção...
Parei para pensar... há algum tempo costumava ler a última página de todos os livros que começava, no intuito de antecipar o final da historia, saber como aquilo terminaria. Hoje me surpreendo ao ver que isso não é mais mania, e percebo que este fato diz muito a meu respeito, fala muito sobre o que sou hoje, e as mudanças pelas quais passei.
Não tenho mais necessidade de espiar o futuro, prever o amanhã, saber quais rumos minha vida terá daqui a algum tempo. Contento-me em ler cada página, viver cada dia, saboreando cada partezinha, cada linha, deixando que a emoção tome conta de mim, me liberte, me encante. Do que adianta querer dominar o futuro, posto que nem ao menos sabemos se acordaremos amanhã? Vamos viver nossos sonhos, temos tão pouco tempo. 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Me deixa.




Olha só, é pra ser sincera? Então vá lá: não me prenda, não me corte, não me limite, não me pode. Não me minimize, não me rebaixe e não me subestime. Me deixe livre. LIVRE. Sabe o que isso significa? Que eu sou maior de idade, vacinada, bem informada e autossuficiente (no que diz respeito a compreender o que é melhor pra mim ao menos). Eu sei exatamente onde posso pisar, com quem posso contar e como devo equilibrar o peso durante a caminhada. Eu tenho capacidade de avaliar todos os prós e os contras, os empecilhos e as vantagens, os prejuízos e os ganhos. Tenho sim. Pode confiar em mim. Portanto, se quer me ter é simples: me deixa. Não é contraditório, nem mesmo paradoxal. Me deixa. Me deixa guiar meus passos, escolher meus caminhos, pegar estradas imprevistas, tomar rumos não planejados. Me permita ser tudo aquilo que sei que posso, que consigo, que devo. Quanto mais você me largar, mais você me levará pra perto, porque eu sou assim: só funciono no modo "solta", e se você não gosta, infelizmente, não posso fazer nada a respeito. Nasci para cumprir o meu caminho, e isso nada tem a ver com as expectativas que você cria sobre mim. Então me deixa, com minha cerveja, meu decote e meu sorriso torto. Eu sou feliz assim. Pode acreditar que sou.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cada um dá o que tem.


Cada um dá o que tem. Essa frase definitivamente tem resumido meus dias. Preciso deixar um pouco de lado meu pragmatismo ortodoxo para afirmar isso, visto que sei bem que o que cada um tem é expressamente limitado pelas relações capitalistas aos quais somos submetidos. Mas não é disso que estou falando. Falo de relações afetivas, de laços formados por sentimentos que extrapolam a racionalidade.
Sim, cada um dá simplesmente aquilo que tem a oferecer.
Você pode vestir máscaras, inventar papéis, montar personagens. Pode criar uma peça de teatro e tentar moldá-la a sua vida. Pode enganar na voz, no tom, na cor... Pode mentir na poesia, na letra, na canção.
Mas quando sua alma tiver que tocar outra alma... tenha certeza: você só será capaz de dar aquilo que seu coração possuir. Não pense que uma farsa se mantem eternamente. Com o tempo as fantasias caem por terra, as máscaras se dissolvem, os papéis se dissipam e você fica nu diante de tudo.
As coisas são assim, acostume-se.
Não adianta você lutar, esbravejar, brigar, espernear. Não serás capaz de colocar no outro aquilo que gostarias que ele tivesse. Tampouco conseguirás fazer com que ele te dê aquilo que ele nem ao menos tem.
Mas não julgue. Assegure-se que seu coração seja morada de bons sentimentos, e isso fará com que você tenha condições de compreender aquele que te trata com mediocridade e ignorância. Entenda: ele está lhe oferecendo tudo que possui. Não adianta esquentar a cabeça com essa gente barata, que trata todos como se fossem mercadorias ou brinquedos. Não adianta se ofender. Eles nem se importarão com sua tristeza.
Porém, lembre-se que muitas vezes nós somos os culpados por depositar esperança demais no outro. Saiba que nós também oferecemos tudo aquilo que dispomos... e muitas vezes esse tudo é tão limitado, tão pouco.
Não apresse os passos do outro, não aligeire sua caminhada, não o faça correr mais do que está preparado. Tenha calma. Ele está lhe entregando tudo o que tem agora... e muitas vezes esse tudo é composto por urgências e carências que você é incapaz de perceber.
As vezes por detrás de um talvez, reside o sim mais sincero, que não é traduzido em palavras.
A partir do momento em que aprendermos a viver nossos dias a partir de nós mesmos, estaremos prontos para olhar para o outro com os olhos dele. Só assim entenderemos que quando nada dá certo, é porque realmente não é para dar. É porque algo ali no horizonte está a nossa espreita. Aquilo que condiz com o que oferecemos durante toda nossa vida.