quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

2012...


              E mais uma vez o fim do ano chega.. com ele as luzes de natal, os amigos- 
                       secretos, as provas finais, mas o vai e vem permanece...
Como eu já disse outras vezes, acho fantástica a ideia de ter a vida organizada por dias, meses e anos... isso permite que a gente reserve um tempo pra organizar as coisas, arrumar a bagunça da casa e do coração, avaliar o que fizemos até aqui, pensar no que faremos de agora em diante. 
Porém, tirando essa possibilidade ímpar de parar pra refletir, preciso ser sincera... não gosto muito de finais de ano, não suporto essa obrigatoriedade imposta pelo sistema de que todo mundo precisa ser feliz nessa época, todos precisam sorrir, e desejar feliz natal, e comprar presentes e roupas novas, e pular sete ondas, e comer lentilha, e assistir o Especial Roberto Carlos na Globo e, e, e, e... acho definitivamente um saco. Principalmente porque não gosto de Roberto Carlos. E também não gosto de obrigações. Quero ser feliz se eu o estiver verdadeiramente, quero sorrir se tiver motivos pra isso, quero gastar meu dinheiro com qualquer coisa mais interessante do que a ânsia insaciável do consumismo. E não quero ouvir Roberto Carlos. E ponto.
Mas... me detendo a parte que me interessa nessa época do ano, acho válido analisar 2012. Foi um ano atípico, pelo menos pra mim.
2012 acaba e com ele terminam os diversos momentos de angustia que nele passei... que fiquem bem enterrados. Foi um ano difícil, um ano de perdas emocionais, afetivas, de rompimentos de laços, de despedidas... Um ano em que me vi obrigada a viver sem pessoas que eram até então indispensáveis e fundamentais em meus dias. 
Um ano de lindos encontros, doces reencontros e amargos desencontros. 
Um ano que teve muito mais dúvidas que certezas, muitas quedas, muitos erros... Um ano de muitas lágrimas e muitas dores.
Um ano de fases... algumas de interiorização, outras de libertação.
Um ano frio, e não me refiro ao clima la fora. E sim, dentro de mim. Um ano que me deixou mais dura, mas que me mostrou muitas verdades que minha eterna teimosia jamais aceitaria em outras circunstâncias.
Mas também um ano de decisões, um ano de mudanças, de abandonar velhos hábitos, deixar de lado os costumes antigos e já amarelados, de renunciar a mania orgânica e quase hereditária de querer cuidar de todas as pessoas, de aceitar que cada um tem sua vida, suas escolhas, seus desejos e que por mais que eu queira muito ajudar, cada um sempre sabe o que é melhor pra si.
2012 foi também um ano de oportunidades.. algumas eu deixei escapar, e talvez nunca me perdoe por isso. Outras que eu agarrei com todas as forças.
Acho que uma palavra resume esses 365 dias: amadurecimento. 
Amadureci... e somando os prós e os contras... defino 2012 como o ano em que meus avessos foram protagonistas...
Geralmente nessa época, todo mundo deseja um novo ano repleto de coisas positivas e promete que tudo será diferente... porém as tantas promessas de mudança, de novas posturas costumam perder-se ainda nos primeiros dias do ano que se inicia.
Prefiro não prometer nada, apenas agradecer por tudo de maravilhoso que tive nesse ano e esperar que 2013 chegue leve, sorrateiro e surpreendente ...Que traga em seus dias a beleza de tudo aquilo que é do bem, que nos encante, nos emocione, nos alegre, nos faça gritar de euforia... mas que também possamos errar novamente... porque são esses erros que nos darão motivos para no fim das contas percebermos tudo que evoluímos e tudo que ainda temos a aprender.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

O ontem, o hoje, o sempre.



Quando adolescente lembro-me que de tão sapeca vivia subindo no telhado de casa, um lugar escorregadio cheio de armadilhas. Minha mãe enlouquecia e alertava diariamente que era perigoso, que eu cairia e me machucaria. Mas aquilo era tão bom, me dava uma sensação tão plena de liberdade. Eu subia e ficava lá, parada, olhando o horizonte, de dia encontrava formas e desenhos nas nuvens... de noite escrevia poemas, contava as estrelas e conversava com a lua. Era meu universo, meu infinito particular. Eu ignorava os avisos de perigo, porque aquilo me fazia bem, me completava. E eis que numa bela tarde, os alertas se concretizaram, e eu escorreguei, cai, me espatifei no chão, o que rendeu uma fratura no braço esquerdo, agravamento no meu eterno problema do pulso direito, várias marcas roxas e um pé torcido. Minha mãe me encontrou aos prantos, e eu já esperava o "EU AVISEI". Ela não o disse, apenas me ajudou a levantar e me levou praticamente no colo para casa.
Diferente do que se pode imaginar, eu não deixei de subir no telhado, esperei que as dores amenizassem e voltei, mas passei a tomar muito mais cuidado, e a desconfiar de cada imperfeição da construção. O que não significa que eu nunca mais caí, apenas que os tombos não machucaram mais como o primeiro. 
As vezes lembro dessa historia quando me deparo com os avisos do mundo adulto que cotidianamente me dizem o que devo ou não fazer. E lembro de minhas amigas me alertando sobre os amores errados que tive na vida. É engraçado, porque quanto mais me diziam não, não se deixa envolver, não se deixa levar, não se deixa apaixonar, nãos e nãos e nãos... mais eu insistia, e tentava, e queria. Nenhum dos avisos foi por maldade, é claro, elas só queriam o meu bem. Mas ainda assim são exemplos, assim como o tombo da minha adolescência, assim como as quedas e dores diárias que sofremos por insistir. E o ponto principal aqui, é que a a gente só insiste quando nos faz bem, quando acreditamos que aquilo é importante, mais que isso, é fundamental. A gente permanece, tenta, volta quantas vezes for preciso, pelo simples e complexo motivo: amamos aquilo. E o amor é um sentimento que realmente dispensa qualquer explicação. Primeiro porque se você já amou entende do que estou falando, e segundo porque se você nunca amou, de nada adiantará que eu tente explicar, você não entenderá. Só entende quem vive na pele, quem sente. Acontece que as vezes os avisos se concretizam, e a gente cai. E se machuca. E chora. E espera o "eu te avisei". Que vem da boca de alguns. Mas que de outros não chega, nem nunca chegará. Eles apenas nos ajudam a levantar e nos levam pra casa (ou, na maioria das vezes, pro boteco mais próximo). Aí a gente pára, faz um esforço desgraçado pra esquecer, passa dias, meses, anos esperando a dor passar... mas chega uma hora que a gente não resiste, e volta. Só que agora com mais cuidado... E a gente cai de novo, chora de novo. Mas não dói mais tanto. Os calos são profundos, impedem o corte.
Comparações, semelhanças.
Me fazem perceber que primeiro: tombos são naturais, e necessários, mas a gente nunca aprende o suficiente, porque está sempre caindo de novo. E segundo: ou tenho tamanha resiliência que devo inspirar estudos psiquiátricos, ou minha teimosia ultrapassa os limites imagináveis da estupidez humana.


P.S: calma, chega uma hora que a gente cresce, e não sente mais vontade de subir no telhado, cair, amar errado, e doer.


É.. até quando vai ser assim?



O que fizeram com você?






Acordei com Sartre na cabeça. Ele e a frase que parece resumir meus dias, traduzir minha vida:
"Não importa o que fizeram com você, e sim o que você fez daquilo fizeram com você". Faz todo sentido. Afinal de contas a gente nasceu pra ser responsável unicamente por nós mesmos, por nossas escolhas diante das encruzilhadas da vida. Ao longo de nossa história encontramos muitas pessoas que se tornam companheiros de caminhada, que andam ao nosso lado, respeitam nossas paradas, os momentos em que precisamos acelerar o passo, ou diminuir o ritmo. Companheiros. Mas quem dá o passo é você. Quem decide a velocidade? Você. Sozinho. Ninguém pode fazer isso pela gente. E é claro que ninguém pode curar nossas feridas, nem mesmo, ou melhor, muito menos aquele que as abriu. As pessoas machucam as outras... muitas vezes sem mesmo perceber. Abrem feridas, maltratam, fazem sofrer. É humano, natural. Isso não é o mais importante. Importa que a gente pare e reflita: o que vou fazer com essa ferida que deixaram em meu peito? Deixar infeccionar, sangrar, arder em carne viva? Ou cuidar, zelar para que se torne apenas uma cicatriz, uma marca, um ponto quase imperceptível em meu passado? O que importa é o que a gente faz daquilo que fizeram com a gente. Importa que a gente aprenda com os erros, com os machucados.
Se nos fizeram mal, aprendamos a antes de tudo perdoar, mas um perdão que vai além do sentido caridoso e de compaixão. Um perdão real, que vem do coração, que alivia muito mais a nós, porque o rancor é um fardo pesado, difícil de carregar. E depois, que consigamos olhar pra trás e sorrir, sabendo que usamos as pedras do caminho para construir uma linda estrada, decorada com aprendizados e sabedoria. O importante não é saber pra onde ir, e sim pra onde não se deve voltar. Isso se chama maturidade, e ela só é alcançada através de muitos tombos, erros e dores... caminhos, escolhas. Se nos fizeram bem, importa que saibamos ser verdadeiramente gratos, e que usemos esse bem para enfeitar nosso coração e alargar nosso sorriso. Se te fizeram bem ou mal, não importa. Tudo é válido, tudo é aprendizado. E você ainda vai agradecer por isso. Aprenda a confiar no tempo.