segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Fiz uma lista...


Fiz uma lista. Contei, numerei e organizei em ordem decrescente...
No topo enfatizei os sonhos antigos, as utopias eternas, os desejos imortais. Em alguns minutos ordenei poucos itens e colei na geladeira.
Sobrou espaço na folha, restaram linhas e linhas em branco. 
Não costumava ser assim.
Sempre fui do tipo de pessoa que tem sonhos incontáveis, que tem prateleiras abarrotadas de vontades, que jamais deixa de querer algo novo. O infinito sempre me interessou, tanto quanto o impossível, o inalcançável. 
Porém, me surpreendi ao ver uma lista breve, sucinta e finita. Olhei pr'aquele pedaço de papel tão medíocre comparado ao tanto de coisa que ainda tenho a fazer nesse mundo, e lembrei do que disse Cora Coralina "Daqui para frente apenas o que couber no bolso e no coração." 
É, percebi que chega uma hora que a gente cansa de carregar o mundo nas costas. Cansa, simplesmente.
A gente não sai por aí esbravejando, gritando e esperneando. Não busca uma explicação, nem tenta mudar os fatos. Apenas cansa e resolve parar.
Não se trata do fim da guerra, e sim do encerramento de um ciclo. 
É importante que saibamos admitir quando perdemos uma batalha, quando não fomos fortes o suficiente para segurar as pontas, manter a luta, persistir...
E mais importante ainda é que aprendamos a desocupar alguns espaços em nosso coração. Chega de gente inútil ocupando lugar que podia estar livre, facilitando a caminhada. Chega de deixar-se transbordar em sentimentos por aqueles que mantém-se frios diante de nossas fraquezas, nossas quedas e nossos inevitáveis erros. Chega de pesos desnecessários, carga excedente, bagagens pesadas. É hora de aliviar os passos, permitir-se voar. 
Que o vento tire de nós tudo aquilo que for dispensável e supérfluo. Que leve pra longe.
É hora de pendurar a alma no varal, deixar secar tudo que for inútil, deixar ir. 
É tempo de revirar gavetas, retirar os entulhos, as quinquilharias, os ingressos de cinema, as passagens de ônibus, embalagens de balas e bombons. Jogar no lixo os bilhetes, os desenhos engraçados, as declarações de amor e amizade, falsas e perecíveis. Queimar aqueles velhos sentimentos, que assim como as roupas e calçados antigos, já não servem mais. Não adianta acreditar que dá pra remendar, colar, costurar... já era. Momento de desapegar, desprender... sim, eu já disse: DEIXAR IR. 
Manter apenas o que for verdadeiro, o que fez diferença e que exatamente por ser sincero, PERMANECEU.