terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Sobre cativar...


Estranho perceber como podemos tocar e transformar a vida das pessoas sem nem perceber.
Me dei conta disso num desses dias, em que fui convocada as pressas para um encontro de antigos colegas de trabalho.
Ver o carinho que ainda sentem por mim e a maneira doce e terna com a qual se recordam de tudo que compartilharmos.
É engraçado, mas, via de regra, vivemos uma vida baseada em buscar o sucesso. Sucesso na profissão, na vida pessoal... Queremos nos destacar. Objetivamos fazer com que todos se lembrem de nossos grandes feitos. É engraçado porque não percebemos que é no mais singelo gesto que conquistamos para sempre o coração das pessoas.
E, acredite, ato nenhum pode ser mais grandioso do que conquistar o outro verdadeiramente.
Sim, porque vivemos tempos em que as pessoas se esforçam para impressionar, para provar que são felizes nas fotos do instagram ou nas publicações do facebook.
Tudo é medido pela quantidade de likes que você é capaz de produzir.
As pessoas passaram a medir suas palavras, falar o que não pensam no intuito de não causar uma má impressão.
Tudo é pré-fabricado, pré-moldado, pré-instituído por uma sociedade que sabe, ou julga saber, o que é certo e o que é errado, o que faz bem e o que não faz, o que é normal e o que é não é. E dessa forma, também acredita saber mensurar a dignidade das pessoas. A felicidade. O sonho. A esperança. E nos dias que passam, vamos sendo sugados por esse gigante aspirador chamado status quo, ou se você preferir, mais do mesmo. Nossas concepções, nossos ideais... tudo vai sendo minimizado, até se tornar uma reles poeira imperceptível nas prateleiras de nossa alma.
Não sei se a gente envelhece ou se é obrigado a amadurecer diante de todas as pedras que vão surgindo pelo caminho.
Não sei se o sonho diminui ou é a gente que tenta esconde-lo por detrás de diversas cortinas de rotina, cotidiano.
No meio desse turbilhão diário de desencontros e complicações, é necessário refletir sobre o peso intrínseco ao fato de conquistarmos o outro.
Como já diria nosso Pequeno e adorável Príncipe "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Grandes sentimentos trazem na bagagem grandes responsabilidades. E há que ser forte para aguentar o tranco. Ao conquistar o outro comprometemos uma parte de nós na empreitada. Colocamos muito do que temos, do que somos, nas relações que construímos. E muitas vezes apostamos todas as nossas fichas na jogada errada.
É por isso que precisamos de toda a humanidade possível para compreender que ao cativarmos o outro também estamos lidando com toda a expectativa que essa conquista gerou. O outro espera de nós. Muitas vezes, o egoísmo nato de nossa espécie, faz com que pensemos apenas no nosso sentimento. Naquilo que nós esperamos. Sem pensar no que outro tem condição de nos dar. A gente dá o que tem, naquele momento. Isso vale para amores, amizades, paixões e afins.
Ms você deve estar aí me xingando em pensamento, afirmando que não temos como impedir que os outros se aproximem, se apaixonem, se encantem por nós. Não, não temos. Mas não é disso que estou falando. Estou falando da obrigação de merecer o amor daqueles que nos confiaram tudo o que tem. Mesmo nas nossas imperfeições. Mesmo com todos os defeitos, os recuos, as pausas e as confusões.
É necessário continuar. Permanecer. É assim que provamos ao outro que não importa quantos desafios surjam pelo caminho. A gente vai estar de mãos dadas para atravessar.