sexta-feira, 4 de março de 2011

mas é preciso deixar ir!!!



Mais doído que arranhão no joelho é corte na alma (ou no coração).
Há aqueles mais superficiais, onde as circustâncias pelas quais foram provocados nem importam tanto, tornando-os possíveis de cicatrizar em tão pouco tempo que caem logo em esquecimento.
Outro tipo de corte é aquele que vai um pouco mais fundo… Uma palavra dita num tom não muito agradável, uma amizade que não foi tão sincera, um amor não correspondido.  A dor dura um pouco mais, podendo ser de um dia, um mês ou até um ano. A pessoa ferida pode esquecer horas e lembrar outras, o estrago provocado pode arrancar algumas lágrimas e uns “eu nunca mais farei isso” (ou coisas do tipo), mas um dia cicatriza. Também cai em esquecimento.
Há ainda outra espécie de corte – e já digo de antemão que é o pior de todos eles – que chega da forma mais inesperada possível; seja por carta, email, telefone, ou ainda, no pior dos casos, por palavras e gestos mal ditos ou não ditos. Esse tipo de dor é daquelas que nunca será dividida com ninguém (nem mesmo com o causador), daquelas que é guardada dentro da alma e o sofrimento é prolongado, podendo durar uma vida toda. É algo que não sai do pensamento, que persegue tudo que é feito, pensado, dito; e dói tanto, ao ponto de ser uma dor além do que se é possível sentir. Vem quando se dorme ou está acordado, na hora do almoço ou no lanche da madrugada.  E a pessoa ferida dirá mil vezes que já passou, que já esqueceu, que não foi nada. Mas só ela saberá o quanto doeu ter vivido aquilo, o quanto seu coração ficou dez vezes mais frágil com aquele corte, o quanto queria poder simplesmente esquecer. Mas não esquece nunca. Porque há coisas que servem de lição, mas outras apenas nos perseguem a vida toda trazendo as lembranças mais tristes e o medo de seguir em frente.

Markus Zusak

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