quarta-feira, 26 de maio de 2021

 


"Vou escrever nas ondas. Nos céus. No meu coração. Você nunca vai ver, mas vai saber. Eu serei todos os poetas, vou matar todos eles e tomar seus lugares um a um, e a toda vez que o amor for escrito, em todos os filamentos, será para você."

 

 Orvalho da minha manhã, gota de chuva do meu deserto, estrela cadente do meu céu,

Esta não é só mais uma carta de amor. É uma espécie de testamento. Um registro eloquente para que todas as próximas gerações possam acreditar que histórias bonitas ainda existem, e que a felicidade é algo simples e palpável, se você souber como olhar, sentir, tocar...

Quero que todos saibam que te amar me tornou mais forte, mais sábia, mais resiliente, e mais livre. Sim, mais livre, porque liberdade nada tem a ver com o estado civil. É um estado de espírito. E amar você me libertou. Das certezas vagas sobre as relações humanas que eu julgava ter. Daquela empáfia irritante de uma adolescente tola que acreditava ser ampla conhecedora da vida e do mundo. Daquela necessidade de ser sempre suficiente, da mania de ser moldada pelas expectativas dos outros, de estar invariavelmente certa. Me libertou de todas essas amarras para que eu pudesse viver cada segundo desse nós intenso, brilhante, florescente. Amar você me fez melhor. 

Amar você é como aquela sensação boa do cheirinho de café coado se espalhando pela casa de manhãzinha, é como o sabor que abraça de um bolo quentinho saindo do forno, é como o afago na alma que barulho de chuva transmite, e como a paz serena daquele momento quando meditamos e nossa mente não se prende à nada. Amar você é não esperar mais nada da vida, sabendo que o melhor já veio e foi você, e ao mesmo tempo esperar tudo, querer viver, conhecer, sentir, me desfazer e refazer sob teus dedos, chorar de alegria em cada pequena declaração de amor cotidiana, ser boba e clichê como os apaixonados fazem nos romances mais bregas.

 Esta não é uma simples carta de amor. É uma confissão:

Eu quero viver mais mil vidas com você. Quero redescobrir caminhos entre tuas curvas, colecionar teus sorrisos de lado, e a visão cor de mel dos teus olhos naquelas tardes de sol, acumular milhões das tuas gargalhadas altas, autênticas e sinceras que me fazem rir automaticamente. Quero contar estrelas no céu, observar planetas e duvidar se o brilho é de um satélite ou OVNI, em noites quentes de verão, e achar graça da fumaça que teu respirar cria nas madrugadas frias de inverno. Quero amortecer meu braço mais milhões de vezes para que você fique só mais um pouquinho deitada em meu colo, quero construir sonhos e projetos contigo e acreditar em cada um deles, e comemorar profundamente toda vez que eles forem concretizados. Quero me preocupar se você está bem agasalhada nos dias frios, esperar ansiosamente o momento em que chegará em casa para me aninhar no teu abraço que é a casa mais certa que já tive em toda a vida. Quero mais desse amor tranquilo, profundo, sereno, contínuo e com gosto daquele chocolate quente com notas cítricas que você tanto ama. 

Achei que voltar aqui, tanto tempo depois, neste lugar que é templo dos primórdios do nosso relacionamento, de quando eu tentava explicar tudo com palavras, e não entendia que elas nunca são absolutas e capazes de traduzir sentimentos e emoções, seria uma forma de homenagear nossa história até aqui. 

Eu avisei, que esta não é só mais uma carta de amor. É um buquê de clichês, que eu te ofereço. Cuide bem dele. Regue, cultive as flores, guarde as sementes e plante os caules que restarem. Ele renascerá e viverá pelo vasto infinito, que é o meu amor por você.

Feliz 10 anos!

Sua, B.


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