Costumam dizer por aí que tudo tem o tempo certo... que as coisas acontecem quando devem acontecer e que não é nossa missão acelerar os fatos..
Tenho sérias restrições a essa visão fatídica de que nascemos com um destino pronto e de que nada podemos fazer para alterá-lo, porém, acredito, que algumas pessoas, assim como as coisas, possuem um tempo que é seu, e que não está em nossas mãos o poder de mudar isso...
Cada um tem o seu tempo, tem suas marcas, suas cicatrizes, seus abismos particulares... cada pessoa que chega até nós percorreu um caminho, foi derrubado muitas vezes, apanhou outras inúmeras, parou por horas diante de encruzilhadas antes de escolher por qual estrada seguir, e tantas vezes optou pela errada, o que deixou um rastro de insegurança e medo de dar o próximo passo...
Foi enganada, usada.. também enganou, maltratou... Pode ser que tenha prometido nunca mais confiar em ninguém por causa de uma decepção, ou que tenha aprendido a defender-se demais... quem sabe tenha erguido imponentes muros envolta de seu coração para que ninguém mais consiga tocá-lo, ou esteja tão desanimada com o ser humano que já não se considere alguém capaz de amar... ou pior, alguém que mereça viver o amor...
E nós como lidaremos com esse tempo?
As vezes temos uma necessidade exagerada de urgência que atropelamos as coisas e deixamos que importantes detalhes se percam nessa correria impensada... não abrimos espaço para que o outro possa curar suas feridas, aprender com as cicatrizes que restarem, até o momento em que consiga nos olhar com olhos limpos, já não mais turvados pelas lágrimas, ou cegos pela escuridão... mas sim com olhos de quem confia, de quem acredita que algo novo pode ser construído...
É preciso que tenhamos calma, paciência... mas sobretudo que acreditemos no outro, que oportunizemos a ele o tempo necessário... As vezes perdemos oportunidades de encantar as pessoas e de deixar que elas se encantem por nós, porque criamos barreiras.. desistimos na primeira tentativa frustada, queremos tudo de forma tão instantânea que não somos capazes de aguardar o momento certo.. e nessa loucura do momentâneo querendo que os sentimentos sejam tão rápidos e imediatos na era em que tudo é fast, vamos afastando aqueles que mais precisam da nossa espera...
As pessoas não são iguais... não há como colocá-las em uma forma e esperar que reajam exatamente da forma que desejamos... cada um possui maneiras de ver e levar a vida, e a nós cabe o papel de desarmar-se e arriscar.. ignorar a regra, pois todos dirão que é desatino tentar...
Que seja desatino, loucura, devaneio, insanidade... ou seja lá o que quiserem definir... importa é que no final da história possamos olhar pra trás e sorrir sabendo que mesmo não tendo dado certo, fizemos tudo o que podíamos... mesmo que esse tudo seja apenas colocar as cartas na mesa, e esperar que o outro continue o jogo!!!